sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

sábado, 30 de agosto de 2008

O pré-sal, ilusões, delírios e a realidade factível

As descobertas das reservas de petróleo na camada pré-sal estão sendo usadas como instrumento de marketing político, num momento onde avançam perigosamente delírios e devaneios populistas, nem um pouco democráticos, de gente que ascendeu ao poder e tomou gosto pela coisa. Com a inacobertável intenção de levar à população leiga a idéia de que o período de bonança irá permanecer, usa-se mais um recurso natural do país para servir de panacéia.
Sem o menor receio de ser incorreto ou impreciso, o governo federal coloca de forma atabalhoada a questão para a discussão, como se fosse possível resgatar décadas, séculos de descaso e malversação de recursos naturais e de má gestão de recursos estratégicos e empresas públicas.
Bradar destinação nobre como a utilização de parte dos recursos em educação e na erradicação da pobreza, ignorando o contexto econômico tanto da exploração quanto dos reflexos positivos que se pode alcançar, parece-me mais grave do que ocultar o espaço-tempo que se leva da prospecção à exploração e comercialização.
Num ambiênte cíclico da economia mundial, onde alcançamos um pico e devemos passar por uma fase declinante, onde a potencialidade de aproveitamento do grande período de crescimento mundial não foi devidamente utilizado em benefício da nação, falar em salvação da pátria com os recursos de que já se tinha notícia há algum tempo, é no mínimo estória para boi dormir.
Por conta única e exclusivamente desta descoberta, inflar os gastos públicos e inchar a máquina pública com cargos de livre nomeação, sem uma reforma administrativa, é um crime de lesa pátria.
Ousar ditar a destinação de recursos para outros fins senão a freagem e redução da carga tributária violentíssima a que estamos todos nós cidadãos sujeitos , e , ao pagamento da dívida mobiliária pública interna, que já consome mais de 100 bilhões de reais anuais em juros, é não querer ver o óbvio, é não querer saber de nada, assim como de tantas mazelas e desmandos públicos sucessivos deste governo.
Então chego à conclusão de que mais do que discutir onde aplicar os futuros dividendos do pré-sal, governo e sociedade precisam decidir se este é o modelo de nação que o povo brasileiro esperava desta gestão e se não é chegado o momento de contratarmos, sem concurso, várias centenas de oftalmologistas para tratar a cegueira coletiva que acomete o governo e parte substancial da sociedade.
Luís Stefano Grigolin

INTERACTIVE PRESS

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